sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Château d'Eau - Antonio Sarasa palestra na AMICUS

          A ASSOCIAÇÃO CACHOEIRENSE DE AMIGOS DA CULTURA (AMICUS) PROMOVEU, ONTEM ÀS 18h e 20m NO AUDITÓRIO DA CASA DE CULTURA PAULO SALZANO VIEIRA DA CUNHA, UM ESCLARECEDOR DEBATE SOBRE A SIMBOLOGIA PRESENTE NO CHÂTEAU D'EAU, NOS SEUS DETALHES E COMO UM TODO.


         O SIMBOLISMO PRESENTE NO NOSSO MONUMENTO MAIS IMPORTANTE É UMA MENSAGEM PROPOSTA POR ANTIGOS MESTRES CONSTRUTORES PARA AS FUTURAS GERAÇÕES DE CACHOEIRENSES.





ANTONIO SARASA
Palestrante: ANTONIO SARASÁ - Mestre Restaurador
Empresa: STUDIO SARASÁ - Restauradora do Château d"Eau



          O palestrante do concorrido evento, promovido pela AMICUS, explanou diretrizes e decisões técnicas que estão sendo adotadas no presente restauro do Château D'Eau. Apresentou em primeira mão para a comunidade cachoeirense algumas prospecções identificativas de pinturas antigas, tanto do monumento como da própria figura do Netuno e de suas Ninfas. Apresentou também ensaios de pintura das Ninfas e do monumento, vinculados tecnicamente à situação original quando da sua construção.



         Falou algo sobre a simbologia nos detalhes do monumento, mas concentrou sua fala nas probabilidades prospectadas em muitas observações que teve a oportunidade de fazer, da estreita ligação do monumento com a lua e o sol, figura destacada na ciência da astronomia e até na astrologia.




      Destacou na sua fala as Ninfas, que são realmente relacionadas ao Netuno, deus das águas e não a simples representação de camponesas - como haviam suscitado anteriormente alguns cidadãos interessados na simbologia do monumento histórico.



          Sobre a origem ou a inspiração que levou o projetista do Château D'Eau a apresentá-lo como é, Sarasa referiu um monumento semelhante em Roma, na Itália: a Capela de Tempietto di San Pietro in Montorio - construído por Donato Bramante (1ª obra do Renascentismo) que apresenta iguais características e números de pilares, abóbada, inserção de elemento no topo da cobertura, assim como a similaridade em vãos deixados na lajes e elementos sugeridos no piso - foto abaixo:

Foto: WIKIPEDIA
Link: https://pt.wikipedia.org/wiki/San_Pietro_in_Montorio

         A não similaridade aparente é que o nosso Château'Eau tem três níveis enquanto que a capela em Roma tem apenas dois. 

        A capela romana, construída nos primórdios do período renascentista, era dedicada aos cristãos martirizados e posteriormente sacrificados.



PÚBLICO PRESENTE
           

           A comunidade de Cachoeira do Sul respondeu ao chamado da AMICUS e compareceu em bom número e qualificação cultural.

          O espaço destinado às perguntas, oferecido pelo palestrante, foi tão rico nas questões suscitadas que pode-se afirmar que ocorreu uma palestra à parte nesta noite memorável, a qual ficará marcada positivamente no calendário da cultura cachoeirense.


         Confirma-se, mais uma vez, a assertiva de que Cachoeira do Sul é uma cidade que aprecia cultura. A quantidade de interessados no tema da simbologia do Château'Eau e a qualidade das manifestações pelos presentes comprovam a tese e nos inspira a diversificar e provocar ainda mais debates neste nível.


Fotos: Renato Thomsen       Texto: Osni Schroeder



AVALIAÇÃO 

           O evento, inicialmente programado para ser um momento de conhecimento e discussão da simbologia presente em elementos do Château'Eau, transformou-se pelo conhecimento transmitido pelo palestrante em algo muito maior para Cachoeira do Sul.

          A simbologia dos elementos do monumento ali representados carrega na mensagem simbólica de verdades universais que estão presentes em vários monumentos, igrejas, palácios e praças pelo mundo inteiro. Ter um monumento simbólico da grandeza do nosso já é um privilégio. E ele ali está desde a década de 20 do século passado. 

        O algo maior, sugerido por Antonio Sarasa, é de que o nosso monumento histórico é uma conjugação matemática e astronômica de orientação aos cidadãos cachoeirenses em relação aos períodos de tempo, mudança de estações e, provavelmente, previsões climáticas, sempre relacionando o sol com o tempo e os componentes arquitetônicos da edificação. Um autêntico relógio de sol que marca o tempo em escalas maiores do que as do dia.

       Algumas fotos registradas em junho deste ano, durante o período desolstício de inverno, no nascer e no por do sol, identificaram interessantes luminosidades e outros detalhes, não vistos em outros períodos do ano.

       Estas particularidades assemelham-se às encontradas em resquícios das civilizações andinas, quando o calendário anual era marcado por uma determinada incidência de sol, passando por uma pequena fenda na parede e iluminando a representação de um deus dos incas.

       Não estamos proibidos de imaginar algo muito parecido no nosso Château'Eau.


      A instigação da nossa imaginação, feita pelo palestrante da noite, autoriza-nos a imaginar grandioso o histórico Château'Eau e assim trazer para a realidade fática este nosso sonho.




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O RESTAURO


          No ano passado chegou-se a criar um movimento voluntário para restaurar o Château d'Eau (coordenado pelo Arquiteto Osni Schroeder) - em cumprimento ao convênio de 2011, celebrado entre o Município de Cachoeira do Sul e a Companhia Riograndense de Saneamento, com o projeto de restauro já aprovado pelo IPHAE:


logomarca do grupo comunitário


           
             Houve uma reunião para definir a logística da obra, em 09 de julho de 2015, no Gabinete do Prefeito Municipal Neiron Viegas, com o Superintendente Institucional da CORSAN André Finamor, além integrantes do novo movimento pela restauração e do COMPAHC (documentado pela repórter Lena Caetano, da TV NTSul, à época - link abaixo).




TV NTsul


Logo abaixo o vídeo com as primeiras providências
já tomadas para que se chegasse ao estágio atual:


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Logo abaixo a reportagem de Lena Caetano,
em 22/08/2016, sobre o restauro em andamento


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Fotos: Renato Thomsen       Texto: Osni Schroeder